quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

"Siddhartha" de Hermann Hesse

Tenho andado entusiasmada com este livro do Hermann Hesse, “Siddhartha”. São páginas de rara beleza, em que Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue sentir ao ler um livro. Lê-lo, é deixar-se fluir como um rio, onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.
Dentro de nós, escondidos atrás dos gestos e palavras, existem sentimentos que muitas vezes não conhecemos, não sabemos qual a extensão das suas raízes, nem a razão da sua origem.  
Aqui está uma das passagens:

«Olhou em redor, como se visse o mundo pela primeira vez. O mundo era belo, o mundo era colorido, o mundo era estranho e misterioso! Isto era azul, isto era amarelo, isto era verde, corria o céu e o rio, a floresta e a montanha erguiam-se, tudo belo, tudo enigmático e mágico (...)»
Siddhartha, Herman Hesse

Siddhartha é um romance escrito por Hermann Hesse, um dos maiores escritores alemães. Vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1946. A sua primeira publicação foi em 1922 e conta passagem da sua vida e pensamentos durante a sua estadia na Índia em 1910, inspirado na tradição contada de Siddhartha Gautama, o Buda.
O livro trata basicamente da busca pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra absolutamente completa e plena. Em 1972, o grupo inglês de rock progressivo Yes inspirou-se no livro para escrever as letras da música Close to the Edge

Siddhartha, era filho de um brâmane e nasceu na Índia no século VI a.C. Passou a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram uma regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto do jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior.

Enquanto vives perseguindo a sorte,
não estás pronto para ser feliz,
ainda que seja teu o que mais queres.

Enquanto te lamentas do perdido,
e tens metas e não te dás descanso,
não podes saber o valor da paz.

Só quando a todo anelo renuncias,
sem objectivos nem desejos mais,
e já não dás à sorte qualquer nome,
já a maré dos eventos não te atinge
o coração, e se acalma tua alma.

(
Herman Hesse em “No Caminho”, 1911) –

A cada chamada da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para um novo começo, com ânimo e sem lamúrias, aberto sempre para novos compromissos.
Dentro de cada começar, mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver.

Sem comentários:

Enviar um comentário