sexta-feira, 18 de abril de 2014

O Eterno Namorado

Há namoros que nunca vão dar em casamento! Todas conhecemos casos de "namoro eterno" que nunca (ou muito raramente) vão dar em casamento, como o daquela amiga, que namorou sete anos e depois de uma zanga, ele foi casar de repente com outra. Daquela vizinha, até teve um filho com ele, que nunca assumiu compromisso sério e soube depois, que já tinha feito filhos a outras e de muitos outros casos que não interessam aqui e agora. Aqui ficam alguns exemplos de homens, que, quando você for iniciar um relacionamento e constatar alguns destes sinais, se calhar mais vale pensar duas vezes antes de se deixar arrastar por um namoro eterno e de desgostos futuros.

1 - O ENGATATÃO
Por fora até pode ter 50 anos, mas por dentro há-de ter sempre 19 (embora haja rapazes com estas idade bastante responsáveis).
Passa as noites nos copos com amigos 20 anos mais novos (os outros não têm paciência ou ficam em casa com a mulher, os filhos e o gato, ou passam o serão no Facebook a tentar engatar uma vizinha), onde se incluem as amigas, claro. Exerce um certo fascínio porque as miúdas gostam de homens mais velhos, até perceberem que ele não está de facto a olhar para elas, está sempre a olhar para ele próprio. É uma espécie de relação em ricochete. Aguenta-se um certo tempo porque as mulheres gostam de ser maltratadas (aliás os homens também), mas até o mau-tratamento tem limites e chega a uma altura em que elas percebem que afinal não gostam assim tanto de ser maltratadas, fartam-se e acabam por se apaixonar por alguém da idade delas, que não lhes dá tanta conversa, mas que se pode apresentar à avó sem ouvir críticas.

2 - O QUE ADORA MULHERES
É a pura verdade que ele ama genuinamente as mulheres. TODAS as mulheres! Esta, porque tem uns lindos olhos, aquela, porque tem um corpo de deusa, a outra, nem ele sabe porquê. Dizem os psicólogos, que a sucessão de casos lhe assegura o domínio que não tem, e que é sempre ele a acabar com elas, para exorcizar o fantasma da rejeição. Também há quem diga que são viciados na adrenalina do amor, na emoção dos primeiros tempos. Passadas as ´borboletas’ dos primeiros encontros, saltam para um novo amor.
Enfim, ele até pode casar consigo, se estiver muito muito bem disposto, mas prepare-se porque é do estilo de,
a) saltar do barco no dia a seguir a você ter enviado os convites, alegando que “não está preparado para assumir assim o amor” e deixando-a sozinha em stresse e em sofrimento a inventar desculpas parvas para os convidados, ou
b) Até fica casado, mas prepare-se para o partilhar com mais 18, umas mais platónicas que outras.

3 - O TOTÓ
Há quem diga que ele tem pavor do compromisso! Há quem ache que ele coitadinho, ficou traumatizado por causa de uma cabra, que lhe roubou o coração (e as pratas da mãe) e o deixou com o Zimbrinhas (o cãozinho) no colo a pingar baba no sofá, há quem diga que é uma questão de ainda não ter encontrado alguém especial, que ele, com a mulher certa, lá vai (não vai), há quem defenda que ele precisa é de uma mãe (infelizmente ainda tem uma e não precisa de outra).
Ou seja: esqueça! Vê-o todos os dias e farta-se de bater a pestana para o lado dele e ele bate a pestana para o seu, mas nunca fará mais do que isso.
Você dá-lhe conversa, é simpática, ele dá-lhe conversa e é simpático de volta, mas não sai daí. Não lhe pede o seu número de telemóvel, não lhe liga, não lhe pergunta o que faz no sábado à tarde. Se você der o primeiro passo, ele foge espavorido. Esqueça, porque esse nunca se vai mexer. Nem se dê ao trabalho de se zangar. Afinal, nem toda a gente tem de estar mortinha por viver a dois. Apanhe outro comboio, que há muitos a sair da estação e nem todos estão cheios.

4 - O NIM (nem sim, nem sopas)
Um dia leva-a a jantar à luz das velas, no outro não lhe atende o telemóvel. Num dia manda-lhe rosas e depois passa semanas sem dizer nem ai, nem ui. A gente desfia os pormenores todos com a melhor amiga, e depois ele disse isto, e depois disse aquilo, mas eu não tenho a certeza, por um lado ele diz isto, mas por outro lado... Esqueça! Se não tem a certeza, ele também não. E sabe que mais? Nunca vai ter. Um homem que tenha a certeza não a deixará na dúvida nem um minuto e não lhe dará tempo para estar em grandes conversetas com as suas amigas para descobrir sentidos escondidos no seu mínimo gesto. Mais uma vez, apanhe outro comboio.

5 - O AINDA CASADO:
Apanhou-o numa má altura. Ele coitado confessa que ainda está casado “mas é só no papel!”, porque estão num mau momento financeiro e têm de dividir as despesas da casa (a culpa é da Troika, pode ser que em 2015...), ou então ela, a esposa, é muito dependente e ameaçou que se ele a deixa, se mata com a faca da cozinha, e ele está a dar um tempo para ver se ela se habitua à ideia da separação. Ou então está à espera que os miúdos cresçam um bocadinho mais. Ou então está à espera que a mãezinha morra, que nunca houve um divórcio na família e a notícia vai matá-la. Ou então está só à espera que o processo final do divórcio aconteça.
Enfim, até pode ser verdade, mas tudo tem limites. Um divórcio actualmente não leva assim tanto tempo a resolver-se. Se vir que ele não ata nem desata, deixe-o antes que a coisa cristalize.

6 - O DIVORCIADO:
Bem, este ao menos já está despachado ou… não! Tudo depende, das crises que ele inventar, como por exemplo, que a mulher anda a fazer chantagem emocional com os miúdos e não os deixam ir lá a casa se ele tiver lá outra.
Ou como se acabou de divorciar, o gato morreu com uma espinha na garganta, o cão deixou-o, o chefe despediu-o, e, basicamente, é um desgraçado e está tudo a saque (incluindo o coração dele). Ele precisa desesperadamente de um ombro amigo, o pior é que o ombro amigo não precisa desesperadamente dele e às tantas ele próprio não sabe do que é que precisa. O que vai acontecer: Ele jura que você é o amor da vida dele, de repente encontra uma loira peituda e você vai à vida. Costuma ser o destino dos ombros amigos, ninguém sabe porquê, talvez porque lhes fazemos lembrar maus tempos ou porque de facto só precisaram de nós para ombro. Sai dessa!

7 - O MENINO DA MAMÃ:
Falta falar do solteirão, que aprecia apenas e só os “miminhos” da mamã. Ou seja, aquele que não larga a casa materna, porque não existe nenhuma mulher que possa substituir na perfeição, o pequeno almoço na cama, a roupinha para vestir depois do banho, separada em cima da cama, a preparação dos sais a qualquer hora da noite, quando chega a casa com uma bruta bebedeira. E a desculpa principal, é que não pode abandonar a mãezinha, que vive só e precisa muito dele. Também é bom lembrar que, a mamã também põe defeitos em todas as namoradas que ele arranje, nenhuma, mas mesmo NENHUMA, tem a “honra” de estar à altura de ser escrava do filhinho dela.

Portanto minhas amigas, se quiserem de facto um relacionamento sério, com futuro, onde se planeiam os filhos e o jantar de Natal com toda a família, estes são os 7 tipos de homens que devem evitar.
Se pelo contrário, não estão nada interessadas em constituir família, porque também já tiveram a vossa “dose” e preferem viajar e curtir a vida de forma despreocupada e sem compromissos, então estes, são os homens ideais!

Inspirado e baseado num artigo da “Revista Activa” de 2014






quinta-feira, 17 de abril de 2014

O meu tio Zeca

O meu tio Zeca era um homem bem disposto e cheio de energia. Adorava ir à pesca, fazer campismo, beber umas bejecas com os amigos e ia a muitas excursões com a minha tia, portanto parecia ter uma saúde de ferro. Mas um dia, a minha tia Maria dos Anjos, a pedido insistente da filha, a minha prima Martinha, aconselhou-o:
- “Zeca, vais fazer 70 anos, está na altura certa para ires fazer um check-up completo no médico.”
- “Ora, para quê, se me estou a sentir bem?”
- “Apenas por uma questão de prevenção, que deve ser feita agora, quando ainda te sentes com forças e podes ter algum problema que não saibas - disse a minha tia toda cuidadosa.
Então meu tio Zeca, marcou uma consulta e foi ao médico. Este, sabiamente, mandou-o fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de saúde cobrisse.
Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam muito bons, mas tinha algumas coisas que podiam ser melhoradas. Então receitou:
Comprimidos Narvasc para o colesterol,
Losartan para o coração e hipertensão,
Metformina para evitar diabetes,
Polivitaminas para aumentar as defesas.
Norvastatina para a pressão arterial e
Desloratadina para prevenir alguma alergia.
Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então ele indicou
Nexus e um diurético para os inchaços.
O meu tio Zeca foi à farmácia e gastou boa parte da sua reforma em várias caixas requintadas de cores sortidas.
Nessa altura, como ele não conseguia lembrar-se se os comprimidos verdes para a alergia deviam ser tomados antes ou depois das cápsulas para o estômago e se devia tomar os amarelos para o coração antes ou depois das refeições, voltou ao médico.
Ele, sempre prestável, deu-lhe uma caixinha com várias divisões, mas achou que o meu tio estava tenso e um tanto contrariado.
Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.
Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico e os seus funcionários aplaudiram a sua adesão ao “clube dos fármacos”.
Mas o meu tio, em vez de melhorar, foi piorando. Ele tinha todos os medicamentos num armário da cozinha e quase já não saía de casa, porque passava praticamente todo o dia a tomar as pílulas e a sentir “coisas estranhas”.
Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos medicamentos que ele usava, deu-lhe um cartão de “Cliente VIP”, um termómetro, um frasco esterilizado para as análise de urina e um lápis com o logotipo da farmácia.
Passado algum tempo, o meu tio teve azar e apanhou uma gripe. A minha tia Maria dos Anjos, como de costume, obrigou-o a ir para a cama, mas, desta vez, além de lhe dar o habitual chá de limão com mel, chamou também o médico.
Ele garantiu que não era nada de grave, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite.
Como estava com uma pequena taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina a cada 12 horas, durante 10 dias.
Apareceram fungos e herpes e a minha tia telefonou-lhe aflita, mas ele sempre eficiente, disse para ela ir à farmácia e comprar Fluconol com Zovirax que não era preciso receita médica.
Para piorar a situação, o tio Zeca começou a ler as bulas de todos os medicamentos que tomava e ficou a saber todas as contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interacções médicas.
Leu coisas terríveis! Não só poderia morrer, mas poderia ter também arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas terríveis.
Com medo de morrer, chamou de novo o médico, que lhe disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só colocavam essas advertências para os isentar de qualquer culpa caso alguma coisa corresse mal, mas ele estava muito bem medicado, por isso não havia nada a recear.
- Calma, senhor Zeca, não fique aflito - tranquilizou o médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como o meu tio estava com uma dor nas articulações, deu-lhe Diclofenac.
Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a magra reforma, ia direitinho para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.
Chegou uma altura em que o dia do pobre do meu tio Zeca não tinha horas suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não dormia, apesar das cápsulas para a insónia que lhe tinham sido receitadas.
Ficou tão mal que um dia, e conforme já tinha sido advertido nas bulas dos remédios, morreu.
No funeral havia muita gente que lamentava as doenças do meu tio, mas quem mais chorava era o farmacêutico.
Agora a tia Maria dos Anjos diz que felizmente mandou o meu tio para o médico na altura certa, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes.

Qualquer semelhança com factos reais (não) será «pura coincidência»