segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Viajar de Avião...

O voo QZ8501 da AirAsia, desaparecido desde a manhã de domingo, não foi o primeiro a sumir sem deixar qualquer vestígio - ou a ter uma investigação confusa e caótica.
O MH17 foi abatido por um míssil sobre a Ucrânia, em Julho de 2014, matando as 298 pessoas que estavam a bordo.
Em 8 de Março de 2014, um voo da Mailaysia Airlines desapareceu enquanto viajava entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas abordo, até hoje, não há sinais do avião e das pessoas que iam a bordo…
São estas e outras notícias que me deixam a pensar se volto ou não, quando tenho de entrar num avião. Ao longo dos últimos vinte anos, tenho andado muito de avião. Basta morar na Ásia para, pelo menos ir à “terrinha” de férias ano sim ano não, e assim viajo vinte e quatro horas de avião até lá chegar.
Depois vem os feriados do Ano Novo Chinês, da Páscoa e do Natal e, com um ou dois dias as nossas férias consegue-se uma semaninha ou mais para fazer umas curtas férias aqui perto. Temos a sorte de podermos passar uns dias numa das praias da Tailândia ou noutros destinos da Ásia, uma vez que as viagens são acessíveis e penso que o melhor é ir aproveitando as oportunidades que a vida nos oferece…
Mas ultimamente, com os diversos desastres aéreos e estes últimos de aviões asiáticos, agora, quando entro num avião, fico de coração apertado. Principalmente na descolagem. Aquela sensação de "tirar os pés do chão" e ficar suspensa no ar, deixa-me angustiada e ansiosa que a viagem acabe depressa.
Quando lá estou em cima, no ar, entre as nuvens, fico a pensar, ou a tentar imaginar, como deve ser horrível, senão mesmo insuportável, saber que o avião em que viajamos vai cair e, consequentemente, senti-lo cair.
Deve ser terrível quando as pessoas se apercebem que vão morrer. Devem ser momentos arrasadores, a sensação da queda, para um fim inevitável. E não consigo perceber, nem sequer imaginar, qual será a sensação, porque, só de pensar, tremo toda por dentro.
Porém, gosto de olhar para as nuvens, de olhar lá para baixo, de tentar reconhecer o que vejo. Uma vez por outra questiono-me "E se os motores agora falhassem e fossemos por aqui abaixo?".
Imediatamente afasto estas ideias, pois sempre ouvi os entendidos dizerem que, uma vez estabilizado lá em cima, é muito difícil um avião cair. E isso sossega-me.
E sempre que entro num avião (o que vai acontecendo várias vezes durante o ano) faço uma oração, pedindo para que tudo corra bem e peço também que seja uma viagem com regresso. Quero acreditar  que as minhas viagens serão sempre de ida e volta.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Ensaio sobre a cegueira

Ofereceram-me o livro do “Ensaio sobre a Cegueira”. Gostei! Ontem, calhou ver o filme e também gostei muito!
Admirei a realização do Fernando Meirelles, que conseguiu fazer um trabalho notável e bastante fiel ao texto de José Saramago. Compreendo agora as lágrimas do autor do livro ao ver o filme pela primeira vez, porque está lá tudo e penso que o filme ultrapassou o que o Saramago imaginou.
Ficam as palavras de Vítor Aguiar e Silva, que tudo dizem:
«A cegueira é a metáfora da desumanização e da indignidade do homem”. Com ela, irrompem os demónios e os monstros apocalípticos: a fome, a violência, a crueldade, a bestialidade... O manicómio desactivado onde são encerrados os cegos e os contaminados, é a metáfora dos campos da morte da nossa excruciante memória histórica contemporânea.
A sujidade nauseabunda dos corpos, das camaratas, dos corredores e das sentinas do manicómio e o cheiro pestilencial que envolve e mortalmente abafa toda a cidade, são metáforas do apodrecimento do homem.
O manicómio e a cidade fantasmática, no seu horror absoluto, são a visão sublime e grotesca da aflição, do sofrimento, da indignidade e da loucura dos homens. Na igreja, as próprias imagens de Cristo e dos santos têm os olhos tapados com uma venda ou com uma grossa pincelada branca, metáforas terrificantes da ausência de Deus.
No meio, porém, desta catástrofe horrenda, no meio de tanta miséria física e moral, de tanta dor e tanta aflição, a esperança do homem ainda guarda sentido, alimentada por uma tenaz consciência moral, pela capacidade espantosa de sacrifício e pela generosidade de alguns. (...)
Na única mulher que não cegou, a mulher do médico, encontro eu a metáfora do espírito da esperança. Como um novo Moisés, ela soube conduzir a sua tribo à sua casa. E, após a expiação, o sofrimento inumano e a morte de muitos, os cegos começaram de novo a ver...

SE PODES OLHAR, VÊ! SE PODES VER, REPARA!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Desejos de Natal



Hoje é dia de Natal! Dia cinzento, mas iluminado, com os restos de uma noite alegre, festejada em família e entre amigos. Hoje também é dia de ser bom, de abraçar e oferecer lembranças. É dia de pensar nos outros, perdoar aos inimigos, mesmo que o não mereçam e de meditar na nossa existência.
Só posso desejar que a vida continue a oferecer-me o que tem oferecido até aqui: uma família amiga, com saúde e que os amigos, apesar de poucos, são os melhores que uma pessoa como eu pode desejar. FELIZ NATAL!
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Caminha placidamente por entre o ruído e a pressa, e lembra-te da paz que existe no silêncio.
Tenta, na medida do possível, estar de bem com todos e exprime a tua verdade com tranquilidade e clareza.
Escuta quem te rodeia, inclusive as pessoas desinteressantes e incultas; pois também elas têm uma história para contar.
Evita gente conflituosa e agressiva que tanto mal faz ao espírito. Se te comparares com os outros, poderás tornar-te amargo ou arrogante, pois haverá sempre alguém melhor e pior que tu.
Regozija-te com as tuas conquistas e os teus projectos. Mantém vivo o interesse pela tua carreira por mais humilde que seja; é um verdadeiro bem, nesta época de constante mudança.
Sê prudente nos teus negócios – o mundo está cheio de armadilhas. Mas não feches os olhos à virtude que existe em teu redor, nem às pessoas que defendem os seus ideais e lutam por valores mais altos – a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu próprio. Acima de tudo, não sejas falso, nem cínico em relação ao amor que, face a tanta aridez e desencanto, se mantêm perene como uma haste de erva. Aceita com serenidade a passagem do tempo, sabendo deixar graciosamente para trás as coisas da juventude.
Cultiva a força de espírito, para te protegeres de azares inesperados. Mas não te atormentes a imaginar o pior. Muitos medos nascem do cansaço e da solidão. Mantém uma autodisciplina saudável mas sê benevolente contigo mesmo. És um filho do Universo, como as árvores e as estrelas. Tens todo o direito ao teu lugar no mundo. Poderá não ser claro para ti, mas a verdade é que o Universo está a evoluir como previsto. É importante, assim, que estejas em paz com Deus, seja qual for a tua concepção d’Ele, e em paz com a tua alma, sejam quais forem os teus anseios e aspirações no ruidoso tumulto da vida.
Apesar de todos os enganos, dificuldades e desilusões, vivemos num mundo bonito.
Alegra-te. Luta pela tua felicidade.

Desiderata 1927  Max Hermann






terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mais um Natal em Hong Kong


Os presentes estão todos comprados, embrulhados e devidamente acondicionados em saquinhos individuais, prontinhos a embelezar a árvore de Natal, que depois de distribuídos aos seus destinatários, nos vai iluminar a noite.
Apesar de estar muito longe do meu país, as saudades dos cheiros dos fritos na minha cozinha, deixam a minha imaginação voar para os outros anos, em que eu era pequena e rondava a bancada da cozinha para roubar uma filhós, sobre os ralhos divertidos da minha mãe.
Hoje tenho "enxutado" o meu marido e um dos filhotes que teimam em vir roubar os bolinhos a sair do forno...
Mas o espírito natalício atingiu o pico máximo aqui em Hong Kong, onde não há lugar para nostalgias. As ruas estão lindas, tão enfeitadas como qualquer rua de Portugal e, apesar de não pertencer à cultura chinesa este tipo de festa de origem católica, sente-se da mesma forma as energias da alegria natalícia, pelo movimento das ruas onde as pessoas apressadas fazem as suas compras, festejando igualmente esta época como se da sua se tratasse. É uma herança deixada pelo colonialismo inglês e que ficou bem enraizada na cultura chinesa de Hong Kong, como em qualquer país europeu, as pessoas sorriem quando se cruzam connosco e são amáveis umas para as outras, sente-se por isso no ar, a festa!

E eu sinto-me pronta para partilhar a noite de Natal entre bacalhau, batatas, couves e grelos, aletria, leite creme, pão de ló, bolo-rei (trouxeram-me de uma pastelaria portuguesa de Macau, aqui ao lado), rabanadas, mousse de chocolate, nozes, pinhões, muitos pinhões, chá, bolinhos a sair do forno, cheiros, sorrisos, trocas de prendas e momentos bons que vão ficar na nossa memória. Isto é o Natal!!

Para todos, desejos sinceros de uma santa noite de Natal!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Pôr-do-sol

O pôr do sol hoje, num dia de inverno!
Temos ou não motivos para adorar a natureza em todo o seu esplendor?
Continuo a achar que o melhor da vida são estes pequenos pormenores, estes pequenos nadas, estes momentos...só temos de estar atentos a cada detalhe e com certeza encontraremos motivos para fechar os olhos, respirar fundo, sorrir e deixar de pensar em coisas tristes.
Um final de semana com muitos sorrisos para todos!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Coração acelerado...


Não tenho a mania das doenças, mas o que é facto é que de vez em quando, sentia um mau estar, com o coração acelerado, que parecia querer saltar-me do peito.
Queixei-me à médica de clinica geral, que me mandou fazer um electrocardiograma.
O técnico depois de terminar o exame, garantiu-me que estava tudo bem, o que foi depois confirmado pela médica ao observar a papeleta do exame. Fiquei descansada e pensei que seria mania minha.
Porém, de vez em quando e sem razão aparente, lá sentia aquela desagradável sensação de agonia e de que o coração parecia querer saltar do peito.

Um mês depois, insisti com a médica que algo não estava bem. De certeza! Pedi para fazer um exame com prova de esforço (às vezes parece que temos de ensinar os médicos a fazer o seu trabalho)
Novo electrocardiograma marcado e que me obrigou a correr na passadeira, sob o olhar do cardiologista e, afinal, chegaram à conclusão que o problema está mesmo no coração e não na minha cabecinha: desta vez foi o médico cardiologista que me disse que tenho um "não-sei-o-quê supraventricular", uma doença congénita, felizmente benigna, que provoca arritmias cardíacas e que levam o meu coraçãozito a bater acima das 200 pulsações, assim de repente, vindo do nada, causando-me a pior sensação do mundo.
Depois, foi-me tudo explicado com mais calma e o que se passa, é ao nível dos componentes eléctricos do coração, na condução dos sinais e sangue durante as batidas.
Existem 2 caminhos de condução, o organismo normal usa apenas um. Eu, de vez em quando, “lembro-me” de usar os dois e então acontecem as tais 200 batidinhas assim de repente, e, em linguagem leiga, foi isto que percebi.
Deram-me uma medicação fraca para começar, na tentativa de controlar a situação.
Estou mais descansada por saber que não é nada de muito grave, mas ainda não me habituei à ideia de ter estas acelerações inesperadas, que surgem tão de repente e que me deixavam assustada e que agora posso controlar com os tais comprimidos.
Mas o coração, nesta caso, no sentido exacto da palavra, às vezes prega-nos cada susto…