quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Dragões e dragõezinhos

Este ano que é dedicado ao dragão, é lembrado de todas as formas e feitios, nas lojas, livrarias e até nas pastelarias, são confeccionados pequenos dragões em bolinhos para o chá, em homenagem a um dos maiores símbolos do zodíaco chinês.
De facto, muitos dos chamados animais míticos, que através dos séculos e em todas as nações serviram de tema para ficções e fábulas, entram legitimamente no campo da História Natural, simples e de forma positiva e podem ser considerados, não como produto de uma imaginação exuberante, mas como criaturas que realmente existiram e das quais só chegaram até nós nos dias de hoje, descrições imperfeitas e inexactas, provavelmente muito ténues, devido à passagem dos séculos que soltam a imaginação dos homens em aventuras dragonescas, que aparecem em todas as culturas e em todas as épocas.
Aos nossos dias chegaram as tradições de seres que, noutra era, coexistiram com o homem, alguns deles estranhos e horrendos.
É menos difícil admitir todas essas maravilhosas histórias de deuses e semideuses, de gigantes e anões, de dragões e monstros de toda espécie, como transformações através dos tempos, do que acreditar que sejam invenções. ...Se são invenções, devemos crer que selvagens incultos fossem dotados de um poder de imaginação e de criação poética, muito superior ao dos povos ditos civilizados, dos nossos dias.
Uma visão geral do histórico dos Dragões, mostra um ser paradoxal, que encarna, ao mesmo tempo, o bem e o mal. É o monstro que aterroriza os mortais, é a besta do apocalipse, o aliado da magia, o raptor de donzelas medievais; mas também é um símbolo de sabedoria, força física, do poder, da protecção e da boa fortuna.
Este carácter, aparentemente multifacetado dos dragões, é o resultado de milénios de sincretismos entre culturas de todo o mundo. O aspecto maligno do dragão é notavelmente acentuado no Ocidente, onde foi associado à figura do diabo, por causa das suas "aparições", quase sempre alegorias mal interpretadas, nas escrituras cristã, como no apocalipse.
Todavia, a simbologia tradicional mantém-se. Os dragões jamais perderam os seus atributos positivos e somente através das deturpações podem ser identificados com sendo malfeitores.
Aqui na China, um homem superior é um dragão, como nos lembra o primeiro hexagrama do “Yi Jing”, daí que tenha sempre a protecção dos céus e possa voar na companhia desses seres especiais, porque as nuvens seguem o dragão, como o vento persegue o tigre. O dragão e o tigre formam o par clássico da geomância chinesa.
O Dragão Azul ou Verde, representa a direcção Leste, estando associado ao nascimento e à fertilidade.
O Tigre simboliza o Oeste e a morte.
O dragão domina a água, seja sob que forma for. Não é por acaso que se utilizam barcos-dragão para festivais e para pedir chuva.
São guardiães da Sabedoria e ainda abrigam outros significados: representam a energia cósmica criadora, a eternidade e o próprio cosmos, que repousa enrodilhado sobre si mesmo, círculo de serenidade, e, quando desperta em turbilhões, desdobrando as suas espirais no infinito, manifestando-se em todas as coisas que existem no Universo.
Portanto não vale a pena tentar distinguir entre a existência lógica das ideias e a ontológica desses seres. Para os chineses, ambas têm a mesma realidade ou, não fossem eles ilustres descendentes do dragão.

Sem comentários:

Enviar um comentário