Finalmente consegui
ver o filme “As Cinquenta Sombras de Grey”, que foi estreado em Fevereiro deste
ano, arrastando multidões para ver a adaptação cinematográfica mais aguardada de
sempre e baseada na trilogia que passou rapidamente a best-seller e que se
tornou um fenómeno global.
Desde o seu
lançamento, a trilogia "Cinquenta Sombras" foi traduzida em 51 idiomas
em todo o mundo e vendeu mais de 100 milhões de cópias, incluindo versão
digital, tornando-se uma das séries de livros mais vendida de sempre.
Como qualquer mortal que leu essa trilogia, eu tinha uma enorme curiosidade
de ver o filme e, mal esperei para o ver, mas fiquei bastante desiludida e desconsolada.
É que acho o filme bastante fraquinho para as expectativas que foram
geradas e também não fiquei nada agradada com os actores principais, achei-os
pouco convincentes, dois pãezinhos sem sal, que respondem pelos nomes de Jamie
Dorner e Dakota Johnson (filha de Melanie Griffit).
Ele tem poucas capacidades expressivas e ela, é um tanto sensaborona para
cenas que deviam ser mais convincentes.
Bem sei que a nossa imaginação é muito melhor que ver um filme de qualquer
obra, mas é muito fraquinho o trabalho da realizadora Sam Taylor-Johnson, que nunca
deve ter visto, ou sequer ouvido falar, de filmes de autêntica ambiência SM-Sado
Masoquismo, como “História de O”, de Justin Jaeckin, “A Dama do Prazer”, de
Barbet Schroeder ou “Os Frutos da Paixão”, de Shuji Terayama.
Se os visse, teria trazido para o seu filme, tudo o que estes têm às mãos
cheias e que falta nas “Cinquenta Sombras de Grey”, como o sentido do risco, do
perigo, da transgressão, do desconforto, da vertigem, e que o poderoso Grey,
quando se manifesta através da paixão, onde mistura dor e submissão sexual com
a sua parceira, dá a sensação que de facto ele age mais com a autoridade de
violência doméstica, do que da diferente ideia que a autora do livro nos
transmite.
Este filme é de uma infantilidade para os tempos actuais... Ao menos ia
buscar umas ideias ao famoso “Império dos Sentidos” (Dir/ Nagisa Õshima, 1976),
onde se retracta o insaciável desejo sexual entre o dono de um hotel e a sua
empregada, cuja história se passa no Japão, anos 30. Este filme teve de ser
registado como uma produção francesa para contornar as rígidas leis japonesas
de censura, onde constam inúmeras cenas de sexo bem explícito e no final, o
inesperado! Ela corta o pénis do amante.
A versão sem cortes, fez um grande furor e teve um estrondoso êxito na
década dos anos 80/90 e continua até hoje a ser passada no Japão, quer em salas
de cinema, quer em vídeo.
Há ainda outros tantos em que ela se podia ter inspirado e aprendido alguma
coisa, como o “Instinto Selvagem” (Michael Douglas e Sharon Stone) bem como “Corpo em Evidência (Madona e
Willem Dafoe) e finalmente, o filme “Nove
Semanas e Meia” (Dir/ Adrian Lyne, 1986) que conta a história de uma jovem
Elizabeth (Kim Bessinger), que trabalha numa galeria de arte moderna e se
envolve com John (Mickey Rourke), um homem rico e poderoso.
Neste filme, o que está em jogo são as fantasias
sexuais do homem, cada vez mais sedutoras e perigosas e, ao invés de terminar
num conto de fadas como no filme “50 sombras”, Elizabeth começa a sofrer de
dependência psicológica.
E. L. James, a autora que escreveu a trilogia das
“50 Sombras de Grey”, deve ter visto este filme muitas vezes e acabou por se
inspirar nele, ao escrever a sua obra, pois a história é deveras parecida…
Dado tratar-se de uma trilogia, teremos ainda que
sofrer mais dois filmes de “As Cinquenta Sombras de Grey”. Isso sim, é que é
tortura a sério, sadomasoquismo e do mais pesado...
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