quarta-feira, 5 de março de 2014

O bêbado filósofo!

Um bêbado sentado no chão, gritava a quem passava:
-“É preciso estar sempre embriagado, para não sentir o horrível fardo do Tempo que me quebra os ombros e me curva para o chão. Sim, sim, preciso de me embriagar, e sem sentir o perdão. De quê?
Pode ser de… vinho, de poesia ou de virtude, tanto me faz, mas tenho de me embriagar, para não sentir, para não pensar no tempo, nas guerras e nas injustiças
Às vezes, nos degraus de um palácio, no relvado verde, num fosso, ou mesmo na solidão triste do meu quarto, eu acordo.
Infelizmente a embriaguez já está diminuída ou desaparecida, então, pergunto ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunto que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio respondem:
- Está na hora de embriagares-te, para não seres escravo mártir do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem parar, de vinho, de poesia ou de virtude, como quiseres -.E aqui estou eu, parado no Tempo, a fazer poesia e a sentir-me virtuoso!"

Às vezes, gostava de ter a coragem deste bêbado filósofo...

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