sábado, 5 de outubro de 2013

EUTANÁSIA

Voltei a ver um dia destes mais um programa sob a eutanásia, o que me deixa sempre deprimida, mas que afinal, ficamos a perceber (e a saber) do sofrimento de algumas pessoas, que ficam anos e anos confinados a uma cama, alimentados por mãos que não são as suas, que respiram um ar que não é o seu e estão num constante sofrimento no corpo e na alma.
O homem é o único ser vivo que reflecte sobre a sua própria morte. E a eutanásia é uma forma de apressar a morte, sem dor ou sofrimento.
A acção é praticada com o consentimento do doente e da família, mas divide opiniões quando se levanta a questão de que ninguém tem o direito de tirar a vida alheia e de que os médicos trabalham com o objectivo de zelar pela vida e não para tirá-la.
Mas para alguns a eutanásia é a resposta correcta para o sofrimento insuportável das pessoas que, tendo doenças incuráveis e numa fase final da sua vida, entendem não querer continuar a viver .
E é aqui que entram os debates, porque a eutanásia inclui sempre o acto de provocar a morte numa pessoa gravemente doente, embora não queira dizer “matar”, mas sim “deixa-me partir e acabar com este sofrimento”.
. Na maioria dos países, excluindo o suicídio por motivos políticos ou religiosos mais extremistas, é consensual que o suicídio não deve ser encorajado, devendo-se proteger o indivíduo de causar a morte a si próprio. Afinal, por que é que não existe consenso à volta da eutanásia?
Sou a favor da liberdade individual. E sou a favor da vida. Da vida que pode ser vivida enquanto vida. Da vida que nos permite ser gente até ao fim. Será vida uma pessoa estar ligada a uma máquina e viver de forma vegetativa?
Cultural e moralmente falando, Portugal não está pronto para o referendo. Não podemos pedir aos portugueses que digam sim ou não, quando para muitos eutanásia é sinónimo de matar em jeito de homicídio. Se não estamos prontos para um referendo, estaremos com certeza prontos para investir na saúde dos nossos. Se não queremos "ajudar a morrer", temos de querer melhorar a resposta aos doentes terminais. Mais serviços de cuidados paliativos.
Sou a favor de uma análise cuidada e precisa da consistência de cada pedido de ajuda. Da procura de respostas que minimizem o sofrimento. Sou a favor da dignidade da vida, mas não a uma vida que passou a ser uma morte antecipada e dolorosamente prolongada pela ética.

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