terça-feira, 22 de maio de 2012

As crianças de hoje...

As crianças actualmente, não são mais aquelas crianças de outrora, aquela criança que eu fui ou que a minha mãe foi. Confesso que, a maior parte das vezes, continuo a surpreender-me, não pelos melhores motivos, porque, de facto, causa-me uma certa confusão a forma como nos dias de hoje se vive a infância.
Eu sei que deveria estar preparada para tudo e que até sou mãe e nada me deveria surpreender, mas a verdade é que me surpreendo. E todos os dias!
E começo a perceber (e confirmar) a minha inexplicável aversão (no bom sentido) e incredulidade perante esses pequenos seres, afinal já tão cheios de tudo (para o bem e para o mal) 
Estas crianças, que cada vez mais cedo, são confrontadas com as novas tecnologias e por isso são da “geração computador” assustam-me. Por diversos motivos, mas principalmente porque não são crianças, não sabem ser crianças e não querem ser crianças.
Têm sede de crescer, querem parecer (e ser) mini-adultos e esquecem-se de viver essa fase tão boa, tão pura. A culpa não morre solteira, é o meio em que vivem e com a conivência dos pais, que aparentemente, querem que os filhos cresçam depressa.
É certo que conservam a inocência de quem pouco sabe e muito quer saber, mas são más, conflituosas, intriguistas, mal-educadas e competitivas, demasiadamente competitivas.
Competem pelo melhor caderno, pela melhor letra, pela minha atenção, pelo melhor material, pela melhor resposta, pelo centro de estudos que frequentam, pelos pais que têm, pelo, pela casa, se é grande ou pequena, pelo telemóvel (chamem-me antiquada, mas com 8 anos ter telemóvel?) competem para se afirmarem aos 5, 6, 7, 8 anos, como se já percebessem que pela vida fora irão caminhar numa selva de competição e total luta pela sobrevivência do mais forte.
As crianças de hoje são estupidamente mimadas e muito do que fazem e são, é culpa de quem as mima e educa de forma tão permissiva.
As “birras” são uma constante, principalmente em lugares públicos e frases do tipo “Não faço porque eu não quero” revelam que, em casa, são sempre elas a proferir tais palavras e nunca as ouvem em jeito de “Não! Tu não fazes, porque eu não quero!”
Observo que a maioria dos pais e outros familiares, sorriem a toda e qualquer birra que a criancinha faça, mesmo que incomodem com os gritos ou correrias pelo restaurante ou outro lugar público, “porque são pequeninos, não sabem o que fazem”…
Puro engano. Sabem e sabem muito bem, como fazer chantagem emocional com os adultos, com birras, gritos ou beicinho.
Limites, disciplina, diálogo, compromisso. As crianças precisam disso! Precisam também de amor, carinho, afecto e toda a atenção do mundo. Precisam que as ensinem a ser crianças, neste mundo de crise e aceleração, que as deposita em centros de estudo e ATL's das 8h da manhã às 8h da noite.
As crianças de hoje não sabem conjugar o verbo brincar no presente, porque para elas, brincar, faz parte do passado. Brincar não é para elas, é para os “pequeninos”, mesmo quando elas próprias têm 5, 6, 7 ou 8 anos. É preciso ensiná-las a brincar e mostrar-lhes que existem outras prendas para além do computador dos pais onde passam horas a jogar, Dos MP3, MP4, telemóveis da Hello Kitty, PSP...e toda uma parafernália de objectos, que deveriam chegar bem mais tarde e nunca substituir um belo brinquedo.
Lidar com crianças não é fácil. Mas, muitas vezes, mais difícil ainda é lidar com os pais dessas crianças. E quando os conhecemos, percebemos muito melhor as tais crianças.

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