O voo QZ8501 da AirAsia,
desaparecido desde a manhã de domingo, não foi o primeiro a sumir sem deixar
qualquer vestígio - ou a ter uma investigação confusa e caótica.
O MH17 foi abatido por um
míssil sobre a Ucrânia, em Julho de 2014, matando as 298 pessoas que estavam a
bordo.
Em 8 de Março de 2014, um
voo da Mailaysia Airlines desapareceu enquanto viajava entre Kuala Lumpur e
Pequim com 239 pessoas abordo, até hoje, não há sinais do avião e das pessoas que iam a bordo…
São estas e outras notícias
que me deixam a pensar se volto ou não, quando tenho de entrar num avião. Ao longo dos últimos vinte anos, tenho andado muito de
avião. Basta morar na Ásia para, pelo menos ir à “terrinha” de férias ano sim
ano não, e assim viajo vinte e quatro horas de avião até lá chegar.
Depois vem os feriados do Ano Novo Chinês, da Páscoa e do
Natal e, com um ou dois dias as nossas férias consegue-se uma semaninha ou mais
para fazer umas curtas férias aqui perto. Temos a sorte de podermos passar uns
dias numa das praias da Tailândia ou noutros destinos da Ásia, uma vez que as
viagens são acessíveis e penso que o melhor é ir aproveitando as oportunidades que a vida
nos oferece…
Mas ultimamente, com os diversos desastres aéreos e estes
últimos de aviões asiáticos, agora, quando entro num avião, fico de coração
apertado. Principalmente na descolagem. Aquela sensação de "tirar os pés
do chão" e ficar suspensa no ar, deixa-me angustiada e ansiosa que a
viagem acabe depressa.
Quando lá estou em cima, no ar, entre as nuvens, fico a
pensar, ou a tentar imaginar, como deve ser horrível, senão mesmo insuportável,
saber que o avião em que viajamos vai cair e, consequentemente, senti-lo cair.
Deve ser terrível quando as pessoas se apercebem que vão
morrer. Devem ser momentos arrasadores, a sensação da queda, para um fim inevitável.
E não consigo perceber, nem sequer imaginar, qual será a sensação, porque, só
de pensar, tremo toda por dentro.
Porém, gosto de olhar para as nuvens, de olhar lá para
baixo, de tentar reconhecer o que vejo. Uma vez por outra questiono-me "E
se os motores agora falhassem e fossemos por aqui abaixo?".
Imediatamente afasto estas ideias, pois sempre ouvi os
entendidos dizerem que, uma vez estabilizado lá em cima, é muito difícil um
avião cair. E isso sossega-me.
E sempre que entro num avião (o que vai acontecendo
várias vezes durante o ano) faço uma oração, pedindo para que tudo corra bem e
peço também que seja uma viagem com regresso. Quero acreditar que as minhas viagens serão sempre de ida e
volta.