terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sabe o que são “Dim-sum”?



O hábito de "petiscar" não é novidade em muitas partes do mundo e aqui na China não é excepção!
Em Portugal são os “pipis”, salada de polvo em vinagrete, as bifanas, etc; Espanha é famosa pelas tapas, fatias de pão cobertas por variados recheios, desde polvo a presunto serrano; em Itália abre-se o apetite com os antepastos: queijos, beringelas, sardelas, alichelas, abobrinhas, embutidos e outras delícias e por aí fora.
Pois aqui na China, o petisco favorito, chama-se “dim-sum” (tocar o coração), muito apreciado não só pelos chineses em geral, como a maioria das pessoas que os provam, ficam fãs.
O “dim-sun” é confeccionado com uma massa muito fininha feitas à base de farinha ou amido de trigo e contém recheios variados, que vão desde o camarão, carne ou vegetais e depois cozidos a vapor nuns cestinhos de verga com buracos.
Esta iguaria foi popularizada pelas casas de chá, mas há quem diga que foi criada pelo chef de um imperador chinês que queria conhecer a comida de todos os cantos do seu império.
Para agradá-lo, o cozinheiro reuniu todos os sabores e preparou uma espécie de menu degustação: recheou pequenos pastéis de massa fina com um pouquinho de cada prato. Hoje, as casas de chá chinesas servem a combinação chá+dim sum em todos os horários do dia, principalmente pela manhã.
Esses "petiscos" também são preparados em momentos de confraternização, de alegria, como nas manhãs de domingo, com a família reunida. São pequenas porções delicadas e algumas massas são tão finas, que ficam transparentes.

A sua origem remete à Rota da Seda, entre os séculos IX e X. Os mercadores paravam em casas de chás para se recompor das cansativas viagens e, como cortesia, os donos ofereciam-lhes os dim-sum, como um sinal de apreço, um agrado ao cliente.

Pela sua diversidade, este petisco foi sendo absorvido por outras culturas em especial a japonesa, onde recebeu o nome de “shumai” e que podem ser recheados de porco ou peixe desfiado e depois frito.
Também é comum a mistura de frango com porco, ou frutos do mar com frango.
Os famosos "guioza" e "harumaki" (rolinho primavera) também são "shumais" que, assim como na China, são cozidos ao vapor ou fritos e servidos em cestas de bambu como entrada.
Já nos Estados Unidos e na Europa, são chamados de "dumplings", e servidos em restaurantes chineses de todos os tipos e preços.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

"Siddhartha" de Hermann Hesse

Tenho andado entusiasmada com este livro do Hermann Hesse, “Siddhartha”. São páginas de rara beleza, em que Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue sentir ao ler um livro. Lê-lo, é deixar-se fluir como um rio, onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.
Dentro de nós, escondidos atrás dos gestos e palavras, existem sentimentos que muitas vezes não conhecemos, não sabemos qual a extensão das suas raízes, nem a razão da sua origem.  
Aqui está uma das passagens:

«Olhou em redor, como se visse o mundo pela primeira vez. O mundo era belo, o mundo era colorido, o mundo era estranho e misterioso! Isto era azul, isto era amarelo, isto era verde, corria o céu e o rio, a floresta e a montanha erguiam-se, tudo belo, tudo enigmático e mágico (...)»
Siddhartha, Herman Hesse

Siddhartha é um romance escrito por Hermann Hesse, um dos maiores escritores alemães. Vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1946. A sua primeira publicação foi em 1922 e conta passagem da sua vida e pensamentos durante a sua estadia na Índia em 1910, inspirado na tradição contada de Siddhartha Gautama, o Buda.
O livro trata basicamente da busca pela plenitude espiritual, e o alcance de estados em que a mente humana se encontra absolutamente completa e plena. Em 1972, o grupo inglês de rock progressivo Yes inspirou-se no livro para escrever as letras da música Close to the Edge

Siddhartha, era filho de um brâmane e nasceu na Índia no século VI a.C. Passou a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram uma regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto do jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior.

Enquanto vives perseguindo a sorte,
não estás pronto para ser feliz,
ainda que seja teu o que mais queres.

Enquanto te lamentas do perdido,
e tens metas e não te dás descanso,
não podes saber o valor da paz.

Só quando a todo anelo renuncias,
sem objectivos nem desejos mais,
e já não dás à sorte qualquer nome,
já a maré dos eventos não te atinge
o coração, e se acalma tua alma.

(
Herman Hesse em “No Caminho”, 1911) –

A cada chamada da vida, o coração deve estar pronto para a despedida e para um novo começo, com ânimo e sem lamúrias, aberto sempre para novos compromissos.
Dentro de cada começar, mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Testamento

À prostituta mais nova
do barro mais velho e escuro,
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
ofereço-o àquele amigo
que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
esses, que são de dor
sincera e desordenada...
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu amor...

Para que, na paz da hora,
em que a minha alma venha
beijar de longe os teus olhos,

vás por essa noite fora...
com passos feitos de lua,
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua...

In:
Alda Lara da Poesia Africana de Língua Portuguesa, p. 67-68. Organizado por Maria Alexandre Dáskalos, Lívia Apa e Arlindo Barreiros. Publicado no Rio de Janeiro, por Lacerda Editores em co-edição com a Academia Brasileira de Letras, em 2003.


domingo, 4 de janeiro de 2015

O tempo voa...

Já entrámos noutro ano! O tempo voa, literalmente! Passa tão depressa que por vezes nem dou por ele. Faço o meu melhor para aproveitá-lo, mas às vezes sinto saudades daquela sensação que tinha em criança, de que o tempo passava devagarinho e que certos momentos eram eternos… realmente o tempo, ou a noção de tempo que cada um de nós tem, é relativa.
Apetecia-me agarrar o tempo nas minhas mãos e segurá-lo para não fugir tão depressa. Já sei que isso não é possível, mais fácil seria tentar agarrar a água.
É por isso que os momentos mais preciosos os tento gravar na memória para mais tarde, fechar os olhos e revê-los, tentar experimentar mais uma vez as sensações que me provocaram anteriormente alegria e bem estar.
Para mim, escrever e fotografar é uma forma de “agarrar” os tais momentos, uma outra forma de os reavivar e revivê-los…
Em certas situações, qualquer um de nós gostaria que o tempo voltasse para trás, mas o passado é o passado, há que tentar fazer o melhor no presente, porque o futuro, saberá Deus o que nos trará…
Mas o passado tem-me inspirado no presente, sonho com um futuro mais promissor e que me aconchegue nos seus braços. Eu continuo a querer mais e melhor e a ser mais eu.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O Ano Novo e a Sorte

Sempre que o Ano Novo bate à porta, todos desejamos que nos traga boa sorte, dinheiro, amor e, para que isso aconteça, subimos para cima da cadeira com o pé direito e comemos as 12 passas, ao som das badaladas.
Apesar de cumprirmos o ritual à risca, afinal não ficámos milionários e durante o ano, acontece o bom e o mau, ou seja, o que tem de acontecer. Porém, continuamos a cumprir o ritual todos os anos, não vá o “diabo tecê-las” e ano que não se cumpra a tradição, pode vir azar pela certa.
Será que a sorte e o azar são apenas produtos dos nossos medos e de décadas de histórias dos nossos avós, que nos levam à superstição?
Alguns curiosos e também os cientistas, que se debruçaram a estudar os “sortudos” e os “azarados”, chegaram à conclusão que, os que se designam por “sortudos” ao conseguirem os melhores empregos, ter dinheiro nas contas bancárias e grandes amores, não é devido a uma escolha especial dos deuses, nem de amuletos, porque a maioria nem os usa.
Chega-se à conclusão que são pessoas optimistas, que sabem aproveitar a mais pequena oportunidade e têm a capacidade de não se deixarem abater por qualquer fracasso e que o “factor sorte” se resume a ter boas relações sociais. É certo e sabido que, quanto mais gente conhecermos, mais oportunidades surgirão nos negócios, amor ou amizade.
Já os “azarados”, estão sempre à espera que nada resulte com eles e que o pior está para vir. Esperam pelos dias de sorte para fazer um negócio, não vão a determinados sítios porque é mau conectado e pode dar azar. Esta negatividade, afasta os bons contactos e ninguém gosta de pessoas que se lamentem constantemente dos seus “azares”.
Quando alguns amuletos e superstições resultam, é porque fazem com que as pessoas pensem positivo e se sintam menos ansiosas, abrindo portas a novas oportunidades e conhecimentos
Se não conseguir alcançar o seu objectivo, tente outra vez e todas as vezes que forem necessárias até conseguir aperfeiçoar e finalmente alcançar o que pretende, a persistência é uma das mais valias para conseguir o que quer.
Mude a sua visão pessimista e perca o medo de seguir em frente. Fuja dos problemas, do stress e das complicações.
Tente ser sempre optimista e transmita positivismo a quem o rodeia, verá que encontrará o sucesso quando menos o esperar.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Viajar de Avião...

O voo QZ8501 da AirAsia, desaparecido desde a manhã de domingo, não foi o primeiro a sumir sem deixar qualquer vestígio - ou a ter uma investigação confusa e caótica.
O MH17 foi abatido por um míssil sobre a Ucrânia, em Julho de 2014, matando as 298 pessoas que estavam a bordo.
Em 8 de Março de 2014, um voo da Mailaysia Airlines desapareceu enquanto viajava entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas abordo, até hoje, não há sinais do avião e das pessoas que iam a bordo…
São estas e outras notícias que me deixam a pensar se volto ou não, quando tenho de entrar num avião. Ao longo dos últimos vinte anos, tenho andado muito de avião. Basta morar na Ásia para, pelo menos ir à “terrinha” de férias ano sim ano não, e assim viajo vinte e quatro horas de avião até lá chegar.
Depois vem os feriados do Ano Novo Chinês, da Páscoa e do Natal e, com um ou dois dias as nossas férias consegue-se uma semaninha ou mais para fazer umas curtas férias aqui perto. Temos a sorte de podermos passar uns dias numa das praias da Tailândia ou noutros destinos da Ásia, uma vez que as viagens são acessíveis e penso que o melhor é ir aproveitando as oportunidades que a vida nos oferece…
Mas ultimamente, com os diversos desastres aéreos e estes últimos de aviões asiáticos, agora, quando entro num avião, fico de coração apertado. Principalmente na descolagem. Aquela sensação de "tirar os pés do chão" e ficar suspensa no ar, deixa-me angustiada e ansiosa que a viagem acabe depressa.
Quando lá estou em cima, no ar, entre as nuvens, fico a pensar, ou a tentar imaginar, como deve ser horrível, senão mesmo insuportável, saber que o avião em que viajamos vai cair e, consequentemente, senti-lo cair.
Deve ser terrível quando as pessoas se apercebem que vão morrer. Devem ser momentos arrasadores, a sensação da queda, para um fim inevitável. E não consigo perceber, nem sequer imaginar, qual será a sensação, porque, só de pensar, tremo toda por dentro.
Porém, gosto de olhar para as nuvens, de olhar lá para baixo, de tentar reconhecer o que vejo. Uma vez por outra questiono-me "E se os motores agora falhassem e fossemos por aqui abaixo?".
Imediatamente afasto estas ideias, pois sempre ouvi os entendidos dizerem que, uma vez estabilizado lá em cima, é muito difícil um avião cair. E isso sossega-me.
E sempre que entro num avião (o que vai acontecendo várias vezes durante o ano) faço uma oração, pedindo para que tudo corra bem e peço também que seja uma viagem com regresso. Quero acreditar  que as minhas viagens serão sempre de ida e volta.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Ensaio sobre a cegueira

Ofereceram-me o livro do “Ensaio sobre a Cegueira”. Gostei! Ontem, calhou ver o filme e também gostei muito!
Admirei a realização do Fernando Meirelles, que conseguiu fazer um trabalho notável e bastante fiel ao texto de José Saramago. Compreendo agora as lágrimas do autor do livro ao ver o filme pela primeira vez, porque está lá tudo e penso que o filme ultrapassou o que o Saramago imaginou.
Ficam as palavras de Vítor Aguiar e Silva, que tudo dizem:
«A cegueira é a metáfora da desumanização e da indignidade do homem”. Com ela, irrompem os demónios e os monstros apocalípticos: a fome, a violência, a crueldade, a bestialidade... O manicómio desactivado onde são encerrados os cegos e os contaminados, é a metáfora dos campos da morte da nossa excruciante memória histórica contemporânea.
A sujidade nauseabunda dos corpos, das camaratas, dos corredores e das sentinas do manicómio e o cheiro pestilencial que envolve e mortalmente abafa toda a cidade, são metáforas do apodrecimento do homem.
O manicómio e a cidade fantasmática, no seu horror absoluto, são a visão sublime e grotesca da aflição, do sofrimento, da indignidade e da loucura dos homens. Na igreja, as próprias imagens de Cristo e dos santos têm os olhos tapados com uma venda ou com uma grossa pincelada branca, metáforas terrificantes da ausência de Deus.
No meio, porém, desta catástrofe horrenda, no meio de tanta miséria física e moral, de tanta dor e tanta aflição, a esperança do homem ainda guarda sentido, alimentada por uma tenaz consciência moral, pela capacidade espantosa de sacrifício e pela generosidade de alguns. (...)
Na única mulher que não cegou, a mulher do médico, encontro eu a metáfora do espírito da esperança. Como um novo Moisés, ela soube conduzir a sua tribo à sua casa. E, após a expiação, o sofrimento inumano e a morte de muitos, os cegos começaram de novo a ver...

SE PODES OLHAR, VÊ! SE PODES VER, REPARA!